A Vulnerabilidade
Quando te encontras na multidão e te sentes apenas mais um, sozinho em que até a tua sombra te incomoda? Ficas…vulnerável.
O silêncio ensurdecedor da multidão é abafado pelo ruído insuportável do teu interior, da tua mente que não pára de “tagarelar”, de analisar tudo e de não te dar uma conclusão final.
Vais observando cada pessoa, as suas expressões, os seus gestos, o que vestem, como andam, a forma como olham, o que devem estar a pensar. Imaginas as suas vidas, o que vão fazer, com quem vão estar.
Sorris e está tudo bem. Continuas a caminhar, a fazer a tua viagem, até ao teu destino que já está programado na tua mente, para que possas divagar entre pensamentos, o piloto automático.
Quando te apercebes, estás a comparar-te com a multidão, a sentir-te pequeno, sem motivação, onde os outros tudo têm o que tu não possuis. Sentes uma necessidade mórbida de virares a tua atenção para a valorização excessiva de quem, no fundo, não conheces, mas que achas que possuí o que não tens e que são aquilo que gostarias de ser.
Para ti, essas pessoas vão ganhando espaço, achas que estão uns furos à tua frente, vivendo vidas fantásticas, onde tudo corre bem, em que cada jogada que façam na vida é checkmate.
É tudo perfeito e mágico. São só sorrisos, multidões, vivências sociais preenchidas.
Chegas a casa, fazes as tuas tarefas diárias. Até que chega o momento de relaxar.
Ligas a televisão, pegas num livro, ouves aquela musica. Fazes o filme diário do teu dia e vais carregando na tecla mental para puxar o filme para a frente, pois o que vês produz tanto ruído interior que só queres silêncio.
Tudo se expressa na nossa mente como uma incerteza. Essas incertezas têm por base as constantes mudanças que ocorrem no nosso ambiente externo. As incertezas e mudanças constantes podem criar vulnerabilidade.
Há momentos em que parece que temos de acompanhar todas essas mudanças para nos sentirmos integrados, respeitados e amados. Este é o conceito que a sociedade nos impõe, através da publicidade e dos meios de comunicação social com as suas habituais mensagens, onde há sempre um problema, uma dor, e alguém como uma solução para ela.
O conceito é mais ou menos este “Se pensas e tentas fazer diferente, é porque não estás integrada no mundo, logo, tens um sentimento de desadequação e tens de o compensar.”
Há um comportamento e um “modus operandi” para que vivas essa sensação de andares atrás da carruagem e não te sentires integrada, a standardizacão.
Quando tudo é igual, é mais fácil de controlar. Passam-te a mensagem com as roupas que deves vestir, o que deves comer, a aparência que deves ter, inclusivamente, a forma como deves pensar e os comportamentos que deves ter.
O que não sabes, tal como eu não sabia, é que a partir do momento em que começas a dirigir a tua atenção para estes estereótipos e que os começas a questionar, inicias uma cadeia de acontecimentos internos que te levam a tomar decisões e a realizar grandes transformações na tua vida.
Nós não somos o que criamos, nem o que pensamos. No entanto, a informação que enviamos para a nossa mente, vai determinar a pessoa que seremos. Se não tivermos um plano para a nossa vida, alguém terá.
Gostava que fizesses a seguinte reflexão:
Imagina que tinhas um canteiro onde podias plantar dois tipos de sementes. Umas dariam belas flores, que sempre que olhavas para elas te trariam felicidade, paz, harmonia e crescimento.
No entanto, diariamente tinhas de as regar, apanhar a erva daninha e falar com elas.
Para essas flores crescerem terias que te empenhar muito, estar com atenção a qualquer factor que as pudesse fazer murchar, era um trabalho quase cirúrgico.
As outras sementes, não dariam flores tão bonitas. Sempre que olhasses para elas nada te transmitiriam. No entanto, não tinhas de as regar, não tinhas de apanhar as ervas daninhas, nem tampouco falar com elas, apenas plantar e deixar.
Que tipo de sementes escolhias para plantar?
Todos temos um canteiro e vários sacos de sementes à nossa disposição. O canteiro é o nosso subconsciente que trata fielmente as sementes que lhe confiamos. Essas sementes são os nossos pensamentos, as nossas conclusões e emoções. Se plantarmos pensamentos negativos tais como raiva, ódio, medo, vingança e inveja, iremos receber frustração, desilusão, escassez e doença. O subconsciente está sob as ordens do consciente.
Somos nós os jardineiros da nossa mente.