Fullmind Coaching

O que nos leva a agir como agimos?

Durante grande parte da minha vida, agia como agia sem perceber o padrão por detrás dos meus comportamentos.
O que nos leva a agir como agimos?

Tinha um exame importante para fazer, faltava uma semana e ainda nem sequer tinha olhado para a matéria que ia sair no exame.
Quatro dias antes, ainda sem definir uma estratégia de estudo, começou a gerar-se um desconforto cada vez mais intenso, o pensamento estava direcionado para o momento em que iria olhar para o exame, já dentro da sala de aula, e na primeira vista de olhos cruzada para o enunciado, tomaria consciência da frustração que era não ter os conhecimentos suficientes, quando na realidade tudo esteve ao meu alcance.
Três dias antes, direcionava todos os meus recursos para aquilo que já devia ter começado a fazer há quinze dias.
O resultado? Para já não é importante 🙂

O que é que me gerara tanto desconforto quatro dias antes? Era a falta de estratégia em si? Era não ter estudado ainda?
Hoje percebo que não. Esse desconforto não estava no momento presente em si, mas porque se estava a aproximar uma dor e não estava a fazer nada para fugir dela. A minha estratégia de motivação foi por afastamento.

Equilibrio

Consoante a nossa maneira de ser, abordamos as situações de diversas formas, normalmente, padronizadas. No entanto, não adotamos apenas uma estratégia, tudo depende de um contexto especifico. Em situações diferentes, podemos optar por uma ou por outra estratégia (no trabalho ou em família por exemplo). Ao longo da nossa vida, devido a experiências passadas, os nossos metamodelos para a mesma situação também se vão alterando.

Quando reconhecemos o nosso padrão, mais facilmente percebemos o que nos leva a agir como agimos e assim, encontrar um modelo de equilíbrio.
Existem diversas formas de filtrar o mundo e com isso, a alteração da perceção que temos do mesmo, guiando os nossos processos mentais. A estas distinções chamamos Metaprogramas.
O que os Metaprogramas fazem é, dizer ao cérebro, que informação apagar. Se agimos por aproximação, estamos a dizer ao cérebro para apagar toda a informação de afastamento e se agirmos por afastamento, vice-versa.
Para alterar os nossos metaprogramas temos de ficar atentos às coisas que normalmente apagamos e começarmos a direcionar o nosso foco para lá.

A estratégia por aproximação tem um fim bem definido, centrando-se nas metas, na concretização e numa abordagem mais criteriosa.
São pessoas às quais perguntamos porque vão trabalhar e normalmente o que as move é trabalhar para serem melhores, para evoluírem profissionalmente e financeiramente, têm o objetivo bem definido. No entanto, podem ter algumas dificuldades em saber o que deve ser evitado.

A estratégia por afastamento, são pessoas que percebem o que deve ser evitado, que agem para não ter contato com algo incomodo e que irá gerar uma reacção emocional indesejada.
Motivam-se facilmente quando existe um problema que tenha de ser resolvido. As pessoas que agem por afastamento, têm mais dificuldade em se concentrar nas suas metas e em estabelecer prioridades.

Há pessoas que avaliam o seu desempenho através dos seus próprios padrões, tendo dificuldade em aceitar as opiniões de outras pessoas, muitas vezes, a sua verdade é a única possível, assim, falamos de pessoas que se validam internamente.
  
Outras, necessitam de feedback externo para avaliar o seu desempenho e como forma de se manter motivadas.

Quando não obtêm esse feedback, podem-se sentir algo perdidas. 
Há quem procure opções para fazer algo diferente, exploram novas ideias e as possibilidades são o seu foco de motivação.

O que nos leva a agir como agimos?
Começar e não esperar por ninguém, ter o impulso de agir, quase como arriscar sem pensar.

Normalmente começam novos projetos, mas dificilmente os concluem. A quebra das regras é uma constante. Outras há que preferem cumprir os procedimentos estabelecidos, tendo grandes dificuldades em desenvolver novas métricas e procedimentos.

Preocupam-se mais em como fazer, do que porque é que estão a fazer.^
Começar e não esperar por ninguém, ter o impulso de agir, quase como arriscar sem pensar.  É o primeiro a tomar decisões e a avançar, não se preocupando muitos com os resultados.

Até na linguagem são pessoas que não têm muito tempo a perder, usam frases curtas, estas são as pessoas com padrões proativos. A análise e a ponderação são fatores essenciais antes de agir, por norma, têm tendência a esperar pela acção das outras pessoas, para assim as seguirem.

Prevalece a reacção a algo, como uma resposta. Normalmente, na sua linguagem usam frases longas, relativamente complexas e incompletas. Estas são as pessoas reativas.

Pessoas que gostam que o seu mundo se mantenha idêntico por longos períodos de tempo, onde as mudanças só ocorrem em períodos de 10 ou 15 anos e só as materializam passado mais 5 anos.

Estas pessoas são motivadas pelas semelhanças. A mudança é um modo de vida para algumas pessoas e ocorrem num período de 2 a 3 anos. Estas pessoas preferem as diferenças.

Prevalece a reacção a algo, como uma resposta.

Aquilo que dizemos a nós próprios influencia a nossa motivação, o nosso foco e a nossa acção. A linguagem pode ser o tónico mais poderoso para nos fazer entrar em acção, ou para nos sabotar.

Deixo-te as palavras mais usuais para cada um destes grupos e ao mesmo tempo que te permite identificar, mediante a sua linguagem, qual a sua motivação base.

Em direção a: Objetivo; Realização; Conquista; Obter; Recompensa.

Afastando-se de: Livrar-se; Proibir; Prevenção; Fugir; Afastar; Evitar; Arranjar.

Interno: Sabes o que é melhor, só tu podes decidir; Necessito da tua opinião; Estás por tua conta e risco.

Externo: De acordo com um perito na matéria; Os outros vão ter uma boa opinião sobre ti se; Vais ser reconhecido pelos teus esforços.

Opções: Oportunidade; Alternativas; Quebrar as regras; Flexibilidade; Variedade; Várias possibilidades; Expandir as tuas escolhas.

Procedimento: Segundo as regras; A maneira certa; Primeiro isto… depois aquilo…; Finalmente; Modo comprovado, Segue isto à risca.

Proativo: Vai em frente; Simplesmente faz; Porquê esperar; Toma conta de…; De que é que estás à espera; É tempo de agir. Não temos tempo a perder.

Reativo: Considera o seguinte; Vamo-nos inteirar do assunto; Analisa isto; Olha isto com mais detalhes; Desta vez vamos ter sorte.

Semelhanças: Como antigamente; Tal como sempre fizeste; Em comum; É semelhante a…; Igual a…

Diferenças: Nova; Recente; Totalmente diferente; Completamente mudado, Ideia radical; Moderno.

Se queres saber de que forma alguém interpreta a realidade, podes optar por fazer as seguintes perguntas:

– Como está a correr a tua vida em relação ao ano passado?
– Como te estás a dar no teu emprego?
– Como é que posso ir do sitio A ao sitio B?

Repara que para cada uma destas situações, é bem provável que use metaprogramas diferentes, ou seja, padrões de referência diferentes consoante o contexto.

Se na primeira pergunta te fizer várias referências comparativas com o que tinha antes, então é uma pessoa que usa semelhanças.

Se na terceira pergunta, fizer referências a restaurantes durante o percurso, então essa pessoa poderá ser impulsionada por comida, sim, por comida, é normal, é algo que nos afasta da fome ou nos aproxima do prazer de estar saciados.

Os metaprogramas podem ser benéficos em duas vertentes. A primeira é uma ferramenta para calibrar e guiar a nossa comunicação com os outros. A própria fisiologia da pessoa dá-nos detalhes sobre ela e a sua forma de comunicar, enaltece o que a motiva e a assusta. A segunda é uma ferramenta para uma transformação pessoal.


Lembra-te, tu não és os teus comportamentos.

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