Se eu dissesse que o mais importante não são os comportamentos em si, mas a motivação por detrás desses comportamentos? E que todos os comportamentos têm uma intenção positiva?
Descobri recentemente uma ferramenta milenar que nos ajuda a “mapear” as motivações que estão por trás dos comportamentos, o que leva as pessoas a agir como agem.
Esse conhecimento, apurou a minha sensibilidade para perceber as motivações que as pessoas que estão mais próximas de mim têm para adotarem determinados comportamentos.
Falo do Eneagrama, um mapa de nove pontos!
O Eneagrama mapeia 9 perfis de personalidade, ajusta-se a diferentes níveis de consciência, levando frequentemente as pessoas a assumirem e superarem pontos fracos em um nível inédito.
Ele, aplica-se transversalmente, aumentando a retenção e o impacto na mudança, estudando estratégias individuais e de interação de cada indivíduo.
O Eneagrama atribui três centro de inteligência, ou três centros de energia. Cada centro de inteligência, é composto por três perfis de personalidade. O centro de inteligência emocional (Sentimento), mental (Pensamento) e o instintivo (Ação).
Embora a nossa personalidade seja composta por cada um destes centros de inteligência, há sempre um mais dominante e tendencioso em detrimento dos outros. Essa energia é o que forma a nossa maneira de percecionar o mundo e a forma como interagimos com ele.
O uso mais frequente dessa energia, faz a nossa personalidade sentir-se mais segura e confiante, usando essa energia que nos é mais familiar.
A forma como nos relacionamos com as outras energias, causa, em algumas situações, desequilíbrios internos, visto que exageramos numa delas e subestimamos as outras duas.
Cada um tem autonomia para tomar decisões e energia suficiente para levar a ações distintas. No entanto, o que acontece é que na maioria das vezes estes centros de inteligência estão desequilibrados em nós. Ou estamos muito no corpo (instinto), na cabeça (mentais) ou no coração (emocionais).
Tríade Emocional
Necessidade base: Aprovação
Perceciona o mundo através do filtro da inteligência emocional. Mantém-se sintonizado com a disposição e o estado de espírito dos outros de modo a conservar o seu sentido de ligação a eles. Mais do que os outros tipos, depende da aprovação e do reconhecimento dos outros para estimular a sua auto-estima e o seu desejo de amor e conexão. Isto não significa que sejam emotivas. Sentem com maior facilidade o que as outras pessoas estão a sentir. Por norma, possuem uma maior capacidade de adaptabilidade.
- Energia fundamental são as emoções e a forma consistente como tiram partido delas.
- Foco na preocupação com a forma como os outros os percecionam.
- Interagem com a realidade e principalmente através do seu centro emocional de inteligência. Não significa que são emotivas!
- Maior facilidade para se adaptar aos relacionamentos, conseguindo perceber bem se estão a agradar ou não.
- Necessidade de reconhecimento e de aceitação da sua imagem, sendo que a sua preocupação central é a de ser rejeitado ou abandonado.
- A dor principal das pessoas emocionais é o risco da rejeição.
- A rejeição é a razão por se preocuparem demais com a sua imagem pessoal.
- Sofrem com o excesso de sensibilidade face ao risco de abandono.
- A referência destas pessoas acaba por ser mais externa do que interna, com uma certa dependência do que os outros acham delas.
- Uma vergonha, ainda que inconsciente e oculta de, ao adotarem outras personagens para agradar aos outros, não estejam em contato com quem verdadeiramente são.
Tríade Mental
Necessidade base: Segurança
Tende a filtrar o mundo através das faculdades mentais. Os objetivos desta estratégia são minimizar a ansiedade, gerir situações potencialmente dolorosas e conseguir uma sensação de certeza através dos processos mentais de análise, conceção, imaginação e planeamento. Necessitam de prever as situações futuras para se sentirem mais seguras. Assim usam a mente para criar e analisar esse futuro (como forma de proteção). A sua preocupação central é o MEDO.
- A sua preocupação central é o medo.
- O medo serve para poder antecipar situações e prever cenários.
- Planeamento e antecipação visam minimizar a sensação de desconforto e de dúvida.
- Foco mais frequente em acontecimentos futuros.
- Usam a mente para criar e analisar esse futuro (como forma de proteção).
- Para as pessoas da tríade Mental é necessário pensar muito sobre as coisas.
- A dor principal das pessoas mentais é o medo.
- O medo leva-as em busca de certezas antes de agir.
- Sofrem pelo facto do mundo não lhes trazer as certezas que eles gostariam de ter.
- Vivem com maior frequência a dor da ansiedade e do stress, ligado ao excesso de preocupação e planeamento.
- Tem a dor, ainda que inconsciente e oculta, da dificuldade de viverem o fluxo natural da vida, com aquilo que ela traz, planeando demais, ficando dependente do controlo sobre tudo.
Tríade Instintiva
Necessidade base: Controlo
Perceciona o mundo através de uma inteligência composta de sensações cinestésicas e físicas e de instinto puro. Usa a posição e o poder pessoais para adequar a vida ao modo como a sente. Concebe estratégias que asseguram o seu lugar no mundo e minimizam o desconforto. São especialmente focadas em tarefas e ações. Possuem uma grande facilidade instintiva para entrar em ação e fazer o que precisa ser feito, sem tanta análise ou preocupação com os outros.
- A energia fundamental associada é a raiva, gerando um impulso natural de entrada em ação.
- Pessoas mais práticas, mais centradas no aqui e agora e têm mais os pés no chão que a maioria das pessoas.
- Focadas em tarefas e ações.
- Grande facilidade instintiva para entrar em ação e fazer o que precisa de ser feito, sem tanta análise (mental) ou preocupação com os outros (emocional).
- Preocupações centrais relacionadas a necessidade maior de controle, tanto sobre as pessoas como sobre as coisas.
- O equilíbrio destes centros de inteligência é um trabalho de desenvolvimento pessoal.
- A dor principal das pessoas instintivas é a raiva.
- Acreditam que existe uma maneira certa de fazer cada coisa, ficando inconformadas com o que é diferente.
- Julgam excessivamente as outras pessoas e a si mesmas, desenvolvendo maior intolerância ás outras pessoas.
- Tem uma dor inconsciente e oculta que é o esquecimento de si mesmas, sendo estas, pessoas de acção, o que leva se colocarem em segundo plano.
- Perdem-se em rotinas e processos operacionais, acabando assim por perder o contato consigo mesmas.
É importante fazer o despiste de personalidade, pois só assim ficamos a saber o nosso “Eneatipo”com maior precisão. No entanto e com alguma atenção durante uma conversa, podemos ver as pessoas mais emocionais a usarem a expressão “…eu sinto que…”, os mentais “eu penso…ou acho que…” e os instintivos, “eu sei que…“.
Fábio Alexandre Costa