A Queda
Pensava que estava caído, que do chão não passava. Descobri afinal que a queda seria muito maior, tão alta que não conseguia ver o chão.
Deixei-me cair, muito lentamente e, rapidamente a minha alma ganhou velocidade, de tal forma que me perdi dela.
O estrondo foi enorme, ouvi o meu pensamento, nos seus cantos mais recônditos. A queda foi tão grande que muitas portas dentro dele se fecharam para sempre, todas aquelas portas entre abertas, por onde entravam meias verdades, meios sentimentos.
E quando a maior perda da vida não é o que morre dentro de nós, mas sim aquilo que quer renascer e não deixamos?
Aqui, a queda é oportunidade, é esperança, é evolução.
Que bom ter caído, que bom ter aprendido com a queda, maravilhoso terem-me estendido a mão do amor. A queda foi isso mesmo, um sem número de oportunidades a explorar.
É tão bom renascer para a vida, é fantástico deixar de ser vítima de mim próprio, é maravilhoso sentir-me único e, afinal, todos somos únicos, não há ninguém igual a nós, nem melhor nem pior, apenas, diferente.
Caí porque estava em pé, caí porque sabia que me podia levantar, caí porque tudo fiz para isso e…. levantei-me.
Levantei-me sozinho, mesmo que ao meu lado estivesse alguém com a mão estendida, mesmo que eu tivesse a certeza que seria mais fácil, mas, preferi fazê-lo sozinho.
Quando me levantei, lá estava ela, de sorriso rasgado, orgulhosa, como se fosse ela a levantar-se.